Caos na minha tese

A primeira foto é encalhada: É da Casa da Suíça, na Cité Universitaire, projetada por Le Corbusier, como a Casa do Brasil. Fomos nessa casa terça pra assistir a uma apresentação de tango.

Hoje acordei cedinho e fui pra Paris VII assistir à jornada "Expressões do Caos", organizada pela Monique Favid Ménard e pela Sylvie Le Poulichet.

Monique David Ménard deu um show, além dela foi bom ter escutado ao Patrick Guyomard, a um psicanalista brasileiro que está aqui há anos, Amaro Villanova e uma psicanalista alemã, de Franckfurt, Elisabeth Troje.

Passei o dia todo lá. Lá conheci mais outros dois brasileiros que estudam em Paris, sendo que uma é do Rio mesmo. Além deles, Tiago estava lá também.

Adorei, foi muito rico pra minha tese e pra minha clínica uma vez que eles apresentaram casos clínicos - coisa rara no Brasil. Me inspirei com o que ouvi e vou logo acrescentar na minha teses algumas dessas idéias.

Tati foi, enquanto eu estava lá, no Bazar do Hotel de Ville, uma galeria chique aqui de Paris. Na última foto, antiga, de outubro - onde estou com meus pais e irmão Bernardo - ele está lá trás, é um prédio arredondado. Foi tentar comprar umas tintas pra mãe da Tati, que pinta. Mas não as encontrou. Em compensação, as achamos num site que as vende pela internet mesmo.

Hoje, mais tarde, vai ter uma festa na Casa do Brasil. Como devemos voltar tarde, já posto logo agora.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Mortos de sono

A greve acabou! Finalmente! Uma semana e meia de greve!

Decidimos recuperar o tempo perdido pois amanhã tenho um congresso pra ir, então será menos um fim de semana de passeio. Fomos passear hoje mesmo, no entanto, acordamos ao meio-dia.

Ao meio-dia porque, ontem à noite nos empolgamos com a chegada da Claudia, que dormiu aqui (terceira foto). Ficamos de papo até duas e tanto da manhã, mas a Claudia precisava acordar cedinho para ir pras atividades e depois voltar pra Toulose. Imagino que hoje ela dev e estar exausta...

...até porque a Tati está exausta. Teve, à noite, uma festinha de uma criança da Casa do Brasil e ela nem foi, ficou dormindo. Eu fui, foi legal. Faz muito tempo que eu não comia brigadeiro!

Hoje de tarde, eu e Tati, como disse, fomos passear. Fomos às catacumbas, mas descobrimos que estão fechadas para reformas até fevereiro. Isso significa que não conhecerei as catacumbas. Frustantes. Isso serve de estímulo para voltar a Paris numa outra vez.

Como já estávamos no espírito de ver mortos, fomos ao cemitério Père Lachaise. Famoso por ter mortos ilustres e sepulturas artísticas. Pra mim, é um cemitério como qualquer outro. A Tati gostou; eu não sabia que ela tinha esse lado mórbido. Vimos as tumbas de gente famosa como Jim Morrison, Chopin, Oscar Wilde (segunda foto), Proust (primeira foto, comigo interpretando o 'comovido'), Molière entre outros.

Não recomendo pra quem vem a Paris. Vai no São João Batista, dá no mesmo.

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Trabalho terminado

A foto acima é encalhada - é do Parc Montsouris. Trata-se de uma mira do observatório de Paris, a quilômetros dali. Foi construída no século XVII ainda! A outra, mais acima, é de ontem - Pedro e uma igrejinha em Passy.

A greve quase acabou. Quase - porque o RER, que nos é fundamental, não voltou a funcionar ainda. Dediquei meu dia a terminar logo a tradução pra não ficar muito em cima, apesar do dia bonito que fez lá fora. Bom, pelo menos consegui! Terminei! Ufa, agora é fazer uma revisão e imprimir.

A Tati foi a um serviço de tratamento de álcool e drogas encontrar uma xará sua, baiana, que trabalha lá e ia apresentar o trabalho a ela. A outra Tatiana foi super gentil e acabou chamando a minha Tati pra voltar lá outras vezes e visitar uma "boutique" - centro de tratamento de drogas.

Agora Tati está no curso de francês. Estou escrevendo mais cedo pois hoje de noite chega a Claudia, nossa amiga de Toulose. Ela vai dormir aqui hoje e acho que vai chegar cansada, por isso, não vou ficar no computador até tarde.

Ainda vou hoje de noite no seminário do Paul-Laurent Assoun no hospital Sainte Anne, aqui pertinho. Esse cara é o psicanalista mais interessante que escutei aqui na França. É o grande nome do momento. Um filósofo brasileiro que conheci na Casa do Brasil veio só para ouvi-lo, quer dizer, ele é referência mesmo fora do campo da psicanálise.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Histórias sinistras

A greve de transportes deu uma afrouxada, o sol abriu, a temperatura subiu pra 15 graus e a greve de funcionários públicos continua, sendo assim, não tenho aula. Constelação propícia pra passear.

E foi isso que eu fiz de novo, e dessa vez a Tati foi também.

Primeiro fomos ao Parc Montsouris apreciar uma "intervenção" de um artista: Ele colocou um mecanismo em alguns bancos do parque que acionam uma gravação quando você senta no banco. Acontece que a gravação é uma voz sinistra, meio de tarado meio de moribundo falando coisas numa lingua incompreensível. Um lixo. Falando em lixo, pra tornar o negócio mais sinistro, essas pragas de Paris - os corvos onipresentes - estavam assaltando o lixo ali do lado e sujando tudo (primeira foto).

Fomos depois a Passy, um bairro elegante perto da torre Eiffel, onde fica o consultório de meu orientador, Alain Vanier, mas onde quase não passeamos.

Adoramos, vários prédios e recantos bonitos (última foto).

Dali fomos até o museu Marmottan, um museu particular numa mansão com um acervo variado: Iluminuras medievais, objetos do período napoleônico e o motivo da gente ter ido lá: Muito Monet (segunda foto). Uma coleção linda de Monet, incluindo o famoso "Impressão do sol se pondo" que deu o nome ao grupo de que ele fazia parte de Impressionistas. Aliás, tinham também obras de outros impressionistas, Renoir, Sisley, Pissarro etc.

Monet é mesmo genial. E é interessante ver o fim de sua obra, com quadros quase abstratos, mais expressionistas que impressionistas, utilizando-se de texturas e cores irreais - incrível como ele chegou em coisas parecidas com as de Van Gogh por caminhos muito diferentes. Sim, Van Gogh! Eu me surpreendi também. Claro que não falo dos quadros na foto acima, este é o Monet tradicional, preferido pela Tati.

Pena que era proibido tirar foto...é claro que tuiramos algumas escondidos, mas não abusamos por conta do que aconteceu antes de entrarmos no museu.

Antes de entrarmos no museu, a Tati resolveu fotografar uma outra mansão. O segurança do lugar a chsmou e a obrigou a apagar a foto. Ela perguntou: "O que é essa casa?" e ele respondeu "Não estou autorizado a dizer". Sinistro.

O sinistro dessa história me fez lembrar uma outra também sinistra que esqueci de contar. Há dois sábados atrás fomos acordados às 5 da manhã com o alarme de incêndio da Casa da Itália. Tati levantou apavorada e o burro aqui voltou a dormir! Ela voltou pro quarto me dizendo que todos os moradores estavam descendo as escadas. Me apavorei, me vesti e descemos. Depois o alarme desligou e "não era nada!". Soubemos mais tarde que algum imbecil foi fumar numa área proibida e o detector de fumaça disparou o alarme.

Agora, continuo a passar o meu texto a ser apresentado na Paris VII pro francês. Dá uma trabalheira danada. Enquanto isso, a Tati foi à ALI estudar psicanálise.

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A verdadeira igreja dos pobres

Ontem Tati falou com sua mãe, sua avó e nossa amiga Marcinha e nós falamos com minha mãe. Quer dizer, uma verdadeira reuniãozinha de família. Foi ótimo

Hoje além da greve de transportes, fomos premiados com uma greve do funcionarismo público também. E de bônus, chuva o dia inteiro.

Eu não aguentando mais ficar em casa, saí assim mesmo. Tati ficou com preguiça e não foi.

Eu queria ir às catacumbas de Paris. Andei à beça, peguei uma linha de metrô que está funcionando e - Surpresa - As catacumbas aderiram à greve, os mortos não trabalham hoje.

Bom, lembrei de meu amigo francês Jacques. Já que (Jacques) eu estava ali, fui passear ainda assim. Vi a rua Campagne-Première onde tem um belo prédio Art Déco, um hotel onde viveram os artistas do movimento Dada e está a Sociedade de Psicanálise Freudiana.

Depois fui andando até a igreja de Notre Dame des Champs, muito interessante. Ela foi feita pelo proletariado do fim do século XIX com os próprios recursos e know-how. Assim, ela é uma mistura de arquitetura de igreja, de ponte, de estrada de ferro, um treco louco que ficou bem interessante (o interior dela é a segunda foto). Apesar da utilização do ferro, há alguma inspiração nas igrejas góticas - bom, pelo menos eu a vejo.

Passeei ali perto, onde se tem uma bela vista da Torre Eiffel (primeira foto) e há belos prédios modernos. Voltei pra casa ainda pro almoço.

Mais tarde, Tati foi pro seu curso de francês que, milagrosamente, não foi interrompido; e de noite fomos à Casa da Suíça assistir a uma apresentação de tango. Tati gostou muito, eu não. Adoro tango, mas instrumental, quando cantado - como foi hoje - fica meio anacrônico.

Ah, já ia esquecer de contar: O show foi ainda menos agradável pra mim porque o cara do meu lado e dois na minha frente tiraram ses casacos e veio aquele fedor azedo de gringo sem banho. Não sei se eram franceses ou suíços. Argh! Em tempo frio, parece que piora ainda mais a freqüência de não-banhos deles.

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Não aguentamos mais greve!

As duas fotos são de sábado, quando tentei ir ao Espace Analytique e me deparei com tudo fechado por causa da greve. A primeira é um detalhe da fachada da Maison de la Chimie, ali perto; a segunda é uma vista da Sainte Chapelle e da Conciergerie a partir da praça Saint Michel.

Ontem de noite, antes de dormir, assistimos o DVD "Os boas-vidas" de Fellini no Laptop, emprestado por Peri. É bom, mas não está entre os melhores filmes de Fellini, não.

Hoje, mais um dia de greve e - INCRÍVEL - amanhã começa outra greve - a dos funcionários públicos e, por isso, a universidade não funciona. Tá demais!

Aproveitamos o dia chuvoso e Tati foi lavar, secar e passar as roupas e eu comecei a traduzir o texto de minha apresentação pro francês. É difícil traduzir, mas tô conseguindo - isso mostra um bom progresso na língua.

Estamos de saco cheio desta greve - falta pouco pra irmos embora pro Brasil e não pudemos mais passear por conta dela!

Mais tarde, Tati foi pra sua aula de francês que dá pra ir a pé pois transportes não têm. Eu também fui a pé até o hospital Sainte Anne assistir ao seminário de Sophie de Mijolla-Major. Ela é muito boa, um achado. Lá encontrei Pablo, um brasileiro muito gente boa e que segue linha parecida à minha na psicanálise. Bom fazer contatos!

Quase não teve seminário. Mijolla-Major viu que tinha pouca gente por conta da greve e ficou na dúvida se daria ou não seu seminário. Ainda bem que deu.

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No fundo do poço no Buraco

Ontem chegamos em casa da despedida de nosso amigo, Pedro também, na Casa do Brasil, depois das 3 da manhã daqui - e por isso mesmo, se eu escrevesse, já seria o post de domingo. A reuniãozinha foi bem agradável. Decidi esperar e publicar os 2 posts (ontem e hoje) juntos.

Ontem - continuação da greve, mas ela deu uma afrouxada. Tati e eu pegamos um ônibus juntos até Saint Michel pois ela ia comprar umas lembrancinhas e eu ia pegar de lá um dos poucos metrôs que estava funcionando para o Espace Analytique onde teria um congresso. Cheguei no Espace Analytique (segunda foto) e....porta fechada. Quando tem greve, não acontece nada em Paris.

Dei a maior sorte pois quando voltei a Saint Michel encontrei com a Tati! Comemos um crepe por ali, voltamos à Notre Dame (primeira foto, Tati com vitral) - é sempre bom voltar lá e vimos uns livros nas livrarias - e, não é que a coincidência foi dupla pois encontamos com Eduardo, seus pais, Waleska e Pedrinho por ali?!

O frio tava de rachar e viemos de volta pra casa assim que escureceu. Como vocês vêem, na segunda foto, inaugurei meu sobretudo e minhas luvas ontem. E meu cachecol hoje!

Hoje, ainda em greve, e ainda com um frio de rachar vimos na previsão metereológica que a temperatura ontem à noite foi negativa e que hoje variaria entre 4 e -2. Geleira! A previsão deu 70% de chance de nevar hoje, mas a minha empolgação de pegar neve acabou quando percebi que não nevou nem ia mais nevar hoje.

Dia morto: Domingo em greve = nada pra fazer. Fui para um campeonato de biriba/buraco na Casa do Brasil e fui um fiasco - estou em último lugar e perdendo de lavada - , mas ainda dá pra me recuperar em outros jogos, que serão nos domingos à noite. Tati foi ao apartamento de Waleska pois elas estão combinando de vender bijuterias juntas.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br