África em Paris

Dia puxado o de hoje!

Acordamos tarde com o telefonema de Léonard marcando o passeio em Chantilly pra amanhã.

Em seguida, lembrei que hoje passaria o filme "Maria Antonieta" de Sofia Coppola no evento Cinema en Plein Air - Cinema ao ar livre. Estávamos muito afim de ver pelo menos um filme do evento e nós estávamos curiosos pra ver este em particular.

Quando fui checar na internet, vi que o filme seria às 2:00 hs e já eram 11:30 hs da manhã. Como o filme é do outro lado da cidade, literalmente, era preciso que corrêssemos.

Lá chegamos, no Parc de La Villette (primeira foto), onde o evento se realiza, em tempo. O Parc de La Villette é uma espécie de parque temático sobre ciências e tecnologia. Eu já fui lá na outra vez que vim a Paris; a Tati adorou o lugar...mas vimos que a internet estava erraa e o filme só passará às 22:00 hs. Faltou um 2 no site!

Andávamos pelo parque e vimos um cartaz de uma peça de teatro que nos chamou a atenção negativamente, tinha uma negra na foto e o escrito: "Bambi, ela é negra mas é bonita", como vocês vêem na segunda foto.

Decidimos ficar por lá e explorar o parque. Andamos aquilo tudo e debaixo do sol quente que voltou a Paris. Há um prédio redondo, espelhado, chamado Geode, na verdade é um cinema de quase 180 graus. Resolvemos ver um documentário sobre um safári na África do Sul em 3D. Adoramos, a "bola" Geode é oca e a parede interna dela é a tela; com a imagem em 3D ainda por cima, a gente se sentiu no meio da África.

Dali saímos e fomos ver um grande aquário que tem no parque, um barato. Lá ainda, havia uma moça com um estande sobre tratamentos de drogas e álcool, a Tati fez contato e descobrimos que em Montparnasse existe um centro de atenção que a Tati deve visitar em breve.

Almoçamos por lá mesmo e passamos o resto do dia no parque. No fim do dia, ouvimos um batuque no meio do parque. Fomos ver do que se tratava. Era uma reunião de percussionistas africanos e alguns brancos também. E tocavam uma batucada africana muito parecida com samba e macumba. Tinham alguns africanos dançando umas danças muito exóticas, africanas, tribais, muito sexualizadas. Legal pra caramba. Ficamos um tempão assistindo àquilo.

Depois, finalmente, fomos ao Cinema ao Ar Livre ver "Maria Antonieta". O filme é fraquinho, fraquinho. Mas o programa foi bem legal. Antes do filme, passou uma propaganda chamando a atenção do povo parisiense para a forma preconceituosa como são tratados os filhos dos imigrantes ilegais.

No final do filme, pelo menos, um exemplo de educação - todo mundo catou seu lixo e levou até as lixeiras.

Na volta pra casa, no ônibus, um negão meio maluco ficava falando "Iaiaiaiá - essa é minha língua", depois falava "Eu gosto de transar com uma branca", depois "Eu tenho uma filha branca, minha família é branca"...muito doido, mas acho que sua doideira está bem contextualizada no meio racista francês.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Parabéns pra Tati

A primeira foto é continuação das fotos de ontem: Ainda na Harrod's, Londres, Tati pousa com o boneco de cera do dono.

Hoje amanheceu com o tempo um pouco melhor. Sem chuva. Anoiteceu com o céu azulzinho. Que bom, provavelmente amanhã vai dar mesmo pra ir a Chantilly.

Hoje, como os leitores sabem, foi o dia da entrevista da Tati no Hospital Marmottan; era decisiva pra saber se ela conseguiria ou não um estágio lá.

Aqui, ela mesma relata o episódio:

"Ontem, depois de fazer um resuminho em francês sobre o que eu iria falar na entrevista (para eu ter mais firmeza), fui dormir ansiosa. Uma entrevista em francês est très dificile pour moi. Então cheguei cedo e, já na sala de espera, não entendendo algumas coisas que as pessoas falavam, fiquei ainda mais nervosa. Enfim, a entrevista começou e logo no início me enrolando no francês tasquei meu currículo na mão do entrevistador pra disfarçar. Até que deu certo! Foi muito difícil mas, eu insisti falando que aquela era uma chance única pra mim e que queria muito esse estágio e TCHAN TCHAN TCHAN TCHANNNNNN - EU CONSEGUI! Estou muito contente pois acho que será uma experiência interessante, uma boa forma de conhecer pessoas da área e mesmo aprender mais francês. E vocês não acreditam...isso só foi possível porque uma importante coordenadora de um serviço de álcool e drogas no Rio mesmo não virá mais em outubro. Assim, devo agradecer muito a ela pois peguei essa vaga. No final, as recomendações para o estágio foram: Veja muito filme em francês."

As estrelas conspiraram a favor da Tati. Melhor assim, melhor estar na graça das forças cósmicas do que o contrário. Gente, não liga não mas é que estou estudando muito o movimento romântico que estou virando um.

Quanto a mim, estudei e fiquei super feliz com a notícia da Tati. No almoço, comemoramos com vinho nacional.

À noite, após o grupo de conversação (onde conhecemos um psicanalista argentino que parece legal), fomos a um jantar preparado por três amigos italianos do grupo de conversação: Antonio, Pina e Claudia - esta última sabe falar português. A segunda foto é nesse jantar. Foi um jantar típico italiano:

1) Entrada: Salada caprese....depois comemos

2) Risoto de berinjela e champignon + um penne a bolognesa....depois comemos

3) Rolinhos de carne típicos do sul....depois comemos

4) Sobremesa: Tiramissu

Além de nós, lá estavam Arif e Sawan (indianos), Alejandro e Jorge (mexicanos), Alba (espanhola), Katarina (alemã) e Karolina (polonesa). Foi muito divertido, adoramos esse pessoal.

Engraçado foi quando Arif falou que não come carne de boi por conta de sua religião. Pina ficou nervosíssima, mas era uma brincadeira, ele não é praticante.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

- Parlons Français.

As duas fotos acima são encalhadas de Londres. São da famosa loja de departamentos Harrod's. A segunda é da fachada. A primeira é lá dentro: vejam os uniformes do pessoal que trabalha lá! Ah, claro que a foto com a parte que vende chá - tipicamente inglês - não foi sem querer. Foi divertido ver como eles levam tão a sério os chás, mais ou menos como um francês fala de vinho. Nessa parte, só se vende alimentos, de quebra comemos um presuntinho inglês delicioso.

Vamos pra hoje. Mais um dia frio e chuvoso de verão pra variar. Não vejo a hora desse verão acabar pra começar a fazer um calorzinho outonal.

Tati foi ao Hospital Psiquiátrico Marmottan, especializado em álcool e drogas, e marcou uma entrevista pra amanhã pra ver se o estágio sai. Assim passamos o dia torcendo e conversando só em francês pra afiar seu francês, que vai ser avaliado na entrevista. Pro pessoal de lá é determinante que o candidato seja considerado um bom falante de francês. Vamos ver.

De resto, continuo devorando Walter Benjamin. A Tati hoje, ao invés de estudar francês, preferiu ler uma apostila sobre os trabalhos realizados no Hospital Marmottan pra ficar mais por dentro e não fazer feio na entrevista.

Fora isso, sem novidades. Está fazendo mais frio (além da chuva!) do que quando a gente chegou em Paris, em maio, na primavera. Assim, a gente acaba ficando em cárcere privado mesmo.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Venham!

As duas fotos acima são da igreja de Saint Séverin, que fica no Quartier Latin, pertinho da Saint Julien-le-Pauvre, que mostramos ontem. Também a visitamos no domingo. Ela é gótica, mas tem vitrais modernos. Vejam as colunas que interessantes!

Quanto ao dia de hoje, temporal e frio o dia inteiro. Nos permitimos dormir até mais tarde. Que preguiça.

Mas bom pros estudos. Passamos o dia inteiro de cara nos livros e do computador e tudo isso bem agasalhados, quando não debaixo das cobertas.

Vi o jogo do Brasil pela TV. Fraquinho, fraquinho, mas é impressionante como os franceses adoram a seleção brasileira, principalmente o Ronaldinho Gaúcho (que já jogou no PSG). É engraçado que, ao invés de eles a chamarem "l'equipe brésilienne", eles a chamam de "la seleçao", com sotaque brasileiro. Eles acham que "seleção" é um apelido que damos ao time.

No estádio Charlety, aqui ao lado da Casa do Brasil, teve um amistoso também; entre Egito e Costa do Marfim. Dava pra ouvir os gritos da torcida daqui de casa, mas não sei quanto foi o jogo, não.

Recebemos a mensagem de meu amigo Eduardo dizendo que talvez venha aqui em algumas semanas! E parece que nossa amiga Laira vem no fim do ano. Adoramos receber visitas! Quem sabe isso não estimula os outros a quererem vir também?

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

VEJAM "A vida dos outros"!!

A igreja que aparece nas duas fotos acima é a Saint Julien-le-Pauvre, a mais antiga de Paris. É romanesca, pré-gótica. Bem bonitinha, fica no Quartier Latin - a visitamos nesse domingo.

Tati, de manhã, foi conversar com um psicólogo que trabalha com prevenção de álcool e drogas nas escolas públicas de Paris. Foi ótimo e eles marcaram dela assistir à apresentação de um trabalho dele mês que vem.

De resto, vocês já sabem: estudos. Estou adorando Walter Benjamin!

Além disso, mandei um e-mail de parabéns pro Bernardo, meu irmão, que faz aniversário hoje e ainda falamos ao telefone com nosso amigo Léonard e combinamos de ir sábado a Chantilly. Por isso confirmamos nossa presença no jantar dos italianos na sexta.

À noite, como combinamos com os amigos do grupo de conversação, fomos ver "A vida dos outros", filme alemão que trata do período comunista e da espionagem que tornava o país paranóico. O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro merecidissimamente. Nota 10, saímos emocionados e foi bom pra esquecer aquela bomba que vimos ontem.

Excepcional.

Agora, a Laira, nossa amiga, ligou (que legal!) e matamos as saudades, um pouco pelo menos.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

NÃO VEJAM "Dois dias em Paris"!

As fotos acima nada têm a ver com o texto a seguir; elas são do castelo de Windsor, Inglaterra, pois ficamos as devendo. A primeira é da entrada dele e a segunda é do pátio interno com a capela à esquerda e o castelo ao fundo.

Mas hoje, fomos à Place d'Italie comprar uma toalha pois, como vocês devem lembrar, em Londres uma foi pro brejo. Com o dinheiro que a gerente deu para comprarmos uma toalha deu pra comprar duas! Bem feito!

Passamos o dia estudando: eu pro doutorado, a Tati gramática francesa.

À noite fomos ao cinema por 3 euros com o pessoal do grupo de conversação. Fomos ver "Dois dias em Paris", eles e Tati gostaram, já eu achei uma porcaria. Não sei se sou radical demais, mas achei filme de adolescente, pretensioso e não me disse absolutamente nada.

Combinamos de, amanhã, ver juntos "A vida dos outros", no último dia de cinema por 3 euros. Muita gente fala que o filme é bom, vamos ver. Fomos também convidados para, na sexta-feira, jantar na Casa da Itália um jantar típico italiano feito por nossos amigos italianos.

O dia não foi mesmo o meu dia, além de eu achar o filme um cocô, meu guarda-chuva quebrou e o fecho eclair de meu casaco arrebentou...a última perda foi temporária - mais tarde o consertei.

Pelo menos, ao chegarmos em casa, encontamos na cozinha Ricardo, Peri e André, os três são um bom papo e ficamos ali, papeando até duas da manhã.

Estou escrevendo este texto às 2:18 hs!

Aproveitando que o texto ficou curto e criticando um pouco mais o filme: Paris é romântica sim! A cidade é alegre, interessante e as pessoas são inspiradas - a gente vê a todo tempo velhos, jovens, se abrassando, entregando flores, dando amassos, se beijando com chupão e tudo. Vê-se isso diariamente e não aqueles clichês pseudo-intelectuais do filme que preferem mostrar o que é "caído" na cidade! Ah, isso é um desabafo - o filme é ruim mesmo!

Cinema por 9 reais...tem isso aí?

Hoje, domingo de frio e garoa, foi o último dia de Paris Plage. Adeus praia!

Fomos, finalmente, visitar a Conciergerie e a Sainte Chapelle.

A Conciergerie é muito cara para o que apresenta - desorganização, uma sala medieval meio boba e as celas onde os inimigos da Revolução foram presos, entre eles Maria Antonieta e, ironia, Robespierre. Não vale a pena entrar, a Conciergerie é melhor por fora.

Agora, a Sainte Chapelle é uma obra-prima gótica (vide as duas fotos). Linda, graciosa, iluminada, colorida, cheia de detalhes. Perfeita. Pena que o altar está em reforma.

Como estávamos por ali, fomos no Quartier Latin comer um kebab e acabamos visitando mais duas igrejas - uma contemporânea à Sainte Chapelle, a Saint Severin, e a mais antiga igreja de Paris, que nem gótica é, é romanesca, a Saint Julien-le-Pauvre.

Ainda andando pelo Quartier Latin, vimos que os cinemas de Paris estão, nesta semana, todos por 3 euros (mais barato que no Brasil!)...e no cinema na nossa frente formava-se uma fila - em 10 minutos começaria a sessão de "Pequena Miss Sunshine" legendado. Ainda não tínhamos visto o filme; não pensamos duas vezes, entramos. Adoramos o filme, mas não concordo que tinha de levar o Oscar das mãos do Scorsese, pra mim, o Oscar tinha de ir pra "Babel".

Bom, cabe terminarmos de contar nossa viagem a Londres.

O último dia:

Na verdade, neste dia não fizemos nada. Pegamos o ônibus pro aeroporto e viemos embora pra Paris. Só deu tempo pra isso. Por isso sobrou um espaço pra tirar minhas conclusões sobre Londres.

Negativas -

a) É menos bonita que Paris. Apesar de ter lugares majestosos, a cidade em si perde pra Paris porque é estressante (tipo São Paulo), engarrafamento insuportável, mistura arquitetônica de antigo com novo, é suja e superpopulosa (7 milhões de habitantes, mais que o Rio).

b) Os londrinos não são nada parecidos com o inglês "gentleman"; eles se comportam mais como o inglês "hooligan" - xingam o tempo todo, tem sempre um grupo de bêbados arroaceiros procurando encrenca etc.

c) É menos cosmopolita que Paris. Apesar de ser maior que Paris, lá tem muito britânico mesmo, uma parcela considerável de negões (jamaicanos e africanos), poucos orientais e raríssimos árabes...ah, tem um bom punhado de gente do leste europeu também. Já Paris é outra história: Isso aqui só perde pra Nova York. Literalmente, tem muita gente de tudo o que é canto do mundo!

d) As igrejas são menos interessantes que as francesas.

Positivas -

a) Os ingleses são muito mais simpáticos que os franceses. E têm muito bom humor, diferente daqui.

b) Os ingleses não cheiram mal. Ao contrário, todo mundo anda perfumado.

c) Os pubs londrinos dão de 10 a 0 nos cafés parisienses.

d) Os castelos são muito mais interessantes que os franceses.

Por hoje chega de escrever.

fotos: pedroetatiempris.gigafoto.com.br