Alá-la-ô

De manhã: grupo de conversação com o sósia do Paulo Francis. Ele é ótimo. Dessa vez a Tati foi também. Além de nós, nossa colega coreana de sempre, uma brasileira que a Tati conhece, um indiano gente boa, uma espanhola btímida e um alemão muito, mas muito chato. Deixa eu explicar: Teve uma hora em que eu disse "eu acho tal coisa..."; ele perguntou "Acha ou sabe?", eu disse "Acho!", daí ele fez cara de cu de quem só se interessa por quem sabe.

O indiano do grupo nos deu uma dica ótima que em breve vamos fazer: Ir à videoteca do Centro Pompidou assistir a um vídeo de um seminário do Lacan no qual, depois de um acesso de verborragia do mesmo, um estudante bate nele enquanto outro fuma haxixe. Isso deve ser hilário...

De resto, fizemos as compras e aproveitamos o sábado de sol e calorão pra voltar ao Jardim de Plantas (primeira foto) pois um amigo da Casa do Brasil falou que gosta do lugar e nós tínhamos odiado quando fomos. Voltamos e adoramos o lugar. Os dois jacus daqui não tinham ido nas partes mais bonitas!

Em frente ao Jardim de Plantas está a Mesquita de Paris, linda. Primeiro visitamos o restaurante árabe em seu anexo, depois a visitamos (segunda foto). Tati amou o estilo decorativo e arquitetônico árabe - mosaicos, arabescos, azulejos etc. O mulá ou sheik ou coisa assim começou a berrar um cântico em árabe chamando os fiéis à oração. Presenciamos tudo - parecia que estávamos no Oriente Médio.

Continuando o passeio naquelas bandas, vimos o que restou da Arena de Lutécia, uma ruína de arena romana onde gladiadores lutavam. Fomos também à praça de la Contrescarpe e à Rue Mouffetard - animada, movimentada, que data também do período romano. Lá tem vários cafés, bistrôs, bares, queijarias, açougues, peixarias, lojas de vinho, de roupa, de decoração, teatros, padarias etc. Um barato. Cansamos e viemos embora que ninguém é de ferro.

fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Cirque du Soleil

Conseguimos a assinatura que faltava para encaminharmos o pedido de ajuda de custo do governo francês. Detalhe: o sujeito só precisava assinar e ia sair de férias hoje sem fazê-lo. Tivemos que ficar em cima! Já entregamos o pedido e agora é esperar.

No fim da tarde fomos ao Cirque du Soleil. Adoramos! Assistimos ao espetáculo ALEGRIA que será exibido no Brasil em janeiro por 300 reais por míseros 5 euros (15 reais).
É maravilhoso. Adorei as contorcionistas japonesas, a Tati adorou um equilibrista. E os palhaços são ótimos! Eles conseguem criar um clima mágico, de fantasia, muito legal.

Amamos! Pena que é proibido fotografar. Os franceses ficam animadíssimos durante o espetáculo: Aplaudem à beça, as crianças riem alto e no final aplaudiram de pé por um tempão e, estranhíssimo!, eles não batem só as mãos, eles também batem com os pés no chão bem forte. Rimos muito.

O espetáculo era num subúrbio de Paris, Saint Denis, do lado do estádio em que perdemos a copa de 1998. Detestei passar por ali.

Chegando em casa, recebemos a correspondência - um cartão postal de meu irmão e minha cunhada com a foto de meu sobrinho, Gustav, ficamos babando. Por isso, em homenagem a ele, publicamos mais duas fotos suas aqui no blog.

Terminamos a noite jogando papo pro ar, bebendo vinho, comendo queijo e bolo até 2 da manhã com nossos amigos do quinto andar.

Boulevares de la Mort

A primeira foto é tirada de nossa janela: por entre os prédios dá pra ver o Pantheon!

Preenchemos toda a papelada necessária para receber uma "ajuda" do governo francês, em suma, dinheiro, que temos direito. Mas é preciso que a Maison du Brésil assine uma parte...ficaram de fazê-lo...

De resto, estudei em casa o dia todo.

Lá pelas 17:00 hs, fomos ao Médicos Sem Fronteiras na Place de la Bastille pois muitos médicos saem em missões e põem seus apartamentos para alugar. Aliás, vejam a foto acima - finalmente, colocamos na mesma foto a praça da Bastilha e a Ópera da Bastilha! Pegamos alguns telefones lá no MSF, vamos ver no que vai dar.

Decidimos ir ao cinema esta noite e fomos. Na Champs Elysées, segundo dica do Guilherme, os cinemas são legendados e não dublados como os franceses gostam. E o filme que vimos foi mesmo legendado. Foi "Boulevard de la Mort" do Tarantino. Muito bom! É uma paródia de filmes B dos anos 70 de perseguições de carros, misturado com filme de psicopata, misturado com o estilo do Tarantino (diálogos bizarros, músicas legais, violência, anos 70, citações aos seus outros filmes - inclusive há dois policiais caipiras que aparecem em Kill Bill II). Não sei se o filme já chegou no Brasil.

Na volta pra casa, à noite, debaixo de chuva, passando ao lado do Parc Montsouris, vimos um coelho perdido no meio da ciclovia (entre a calçada e o Boulevard Jourdan). A Tati, preocupada com o coelho, com medo dele ser atropelado e morrer, "enxotou" o bichinho, para sua própria segurança, pra dentro do parque. Tati, amiguinha dos bichinhos!

Palmiers, vinhos e dois queijos fedorentos

Estas fotos acima são de domingo, no Pompidou. A primeira são os fundos do prédio. A segunda é da Tati curtindo a vista lá de cima. Dá pra ver a torre Eiffel?

Ontem à noite, mais conversa no Skype: "Estivemos" com Eduardo e Valeska, casal de amigos aí do Rio e que (quem sabe!) vêm em Outubro. Foi ótimo, e pudemos meu xará, filhinho deles.

Toda aquela alegria de ontem se foi. Parece que não tem vaga em casa alguma da Cité e ainda fomos atendidos por gente muito grossa na casa do Japão e na casada Itália. A esperança é a última que morre. Parece que pra Setembro pode ter vaga em algum lugar...

De resto, fui à biblioteca estudar pro doutorado e a Tati estudou francês.

Fomos mais tarde ao grupo de conversação e, em casa, fizemos um lanchinho à moda francesa: baguette quentinha, queijo roquefort, queijo de cabra, vinho Bordeaux e, de sobremesa, palmier. A Tati está viciada em palmiers!!! Realmente os palmiers, ou orelhas-de-mico, aqui tem outro gosto - são ainda mais gostosos que no Brasil. Têm uns enormes - os que a Tati mais gosta - sem exagero - devem ter uns 7 centímetros de diâmetro.

outras fotos do Pompidou em pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Carte de Séjour!

Saí cedo, debaixo de chuva e frio, para finalmente fazer o raio do exame médico necessário para a obtenção da tão falada Carte de Séjour.
Cheguei no endereço, vi uma fila grande e saquei que ia ficar o dia todo lá. Encontrei lá por acaso a nossa amiga coreana do grupo de conversação (foto acima com cara de tédio*) e ficamos batendo papo. No entanto, a espera foi pouca - logo fui atendido.

E fui bem atendido. O exame é um semblant de exame. Tiraram meu peso, minha altura, fizeram um teste de vista, tiraram uma chapa do meu pulmão, minha pressão e me perguntaram se tenho plano de saúde. Só. O médico que assinou o laudo me perguntou o que pesquiso; quando lhe disse que é psicanálise, ele se interessou. Acabou que ficamos discutindo minha tese, dali a conversa foi para um debate sobre capitaloismo e socialismo, sobre a esquerda contemporânea, ele me recomendou um livro de um sociólogo, me "prescreveu" até a editora e a edição e eu lhe recomendei Império, de Hardt e Negri. O cara me segurou por uns 30 minutos só de bate-papo pois já tinha feito seu trabalho!

Logo em seguida fui à uma porta no mesmo andar que é a Prefecture de Police e, SIM, consegui finalmente minha Carte de Séjour. Falta a da Tati - a dela é pra semana que vem.
Toda esta história acabou às uma da tarde, mas cheguei em casa uma hora depois porque havia uma suspeita de bomba no metrô e fecharam minha linha, o RER B. Tive de pegar um ônibus.

À tarde conversamos com a diretora da Maison du Brésil sobre nossa vontade de mudar de casa. Ela disse que tudo bem, basta a gente achar uma outra casa na Cité que tenha vaga. Visitamos TODAS as casas da Cité menos as da Índia e Itália que estavam com a recepção fechada. As que têm vaga e pareceram boas são as casas da Suíça, Camboja, Mônaco, Dinamarca e Espanha. A que mais queremos é a de Mônaco. Mas essa novela continua, ainda não está nada certo.

Tati foi à noite pro seu grupo de conversação (no qual a mesma coreana acima estava) e eu fui ao bairro de Saint Germain de Près na Maison de l'Amerique Latine assistir a uma conferência do psicanalista Philippe Julien sobre "Psicanálise e o religioso" - não o conhecia, é bem interessante.

Curiosidade: A mansão onde fica a Maison de l'Amerique Latine foi, no século XIX, a casa de Charcot (foto acima), o psiquiatra professor de Freud e decisivo na origem da psicanálise. Li na biografia de Freud, de Ernest Jones, que Freud freqüentou a casa de Charcot. Ela é linda.

*Explicação sobre a foto: O vietnamita doido do professor-animador do grupo de conversação puxou uma máquina fotográfica - fetiche dos orientais - e tirou uma foto da gente no meio do grupo. Por isso a cara de vergonha da Tati e de sem-saco da coreana. Ele me mandou a foto hoje por e-mail.

Thriller

Acima, fotos de ontem no Louvre. Na primeira, Tati está entre Ticiano e Tintoretto. Ou seja, bem acompanhada. Outras fotos no fotolog pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Aproveitando que falo de ontem, esqueci de contar que ontem a Tati comprou um poster de "O beijo" do Gustav Klimt numa banca dentre as várias bancas que vendem livros, souvenirs, posteres, sebos, cartões postais na margem esquerda do Sena. Elas são uma atração turística. Ah, o poster foi uma pechincha - 6 euros. Duvido alguém comprar um poster desses no Rio por 18 reais.

Vamos à hoje: Fomos acordados por uma obra insuportável aqui na Maison du Brésil. Acabaram entrando aqui no nosso apartamento também. Instalaram em todos os apartamentos disjuntores de energia elétrica.

Fomos à Place d'Italie, o lugar das compras baratas, pegar os ingressos pro Cirque de Soleil encomendados pela Tati (pegamos!), fazer compras cotidianas (pasta de dente, shampoo etc.) e fomos ao sapateiro pra ele dar uma olhada naquele meu sapato que arrebentou já tem um mês, mas qur ficou meio de lado. O sapateiro olhou e disse "C'est fini!" - não preciso traduzir, né?

No ônibus de volta tinha uma pessoa que não identificamos se é homem ou mulher. Coitada! Era magrinha, toda deformada, parecia ter queimaduras seríssimas no rosto ao ponto dele estar desfigurado. A pessoa usava óculos escuros enormes, chapéu e um sobretudo pra esconder o próprio rosto. Tinha uns ralos cabelos compridos. Tivemos um misto de pena e aflição, de modo que era doloroso olhar. Infelismente nósa seres humanos somos horríveis e imediatamente nos veio a imagem do Michael Jackson. A pessoa era igual a ele. O riso nervoso apareceu. A gente tem cada reação terrível nessas horas...

De resto, participamos do grupo de conversação do professor vietnamita e terminamos nosso dia passando roupa na sala de passar e lavar roupas. Aliás, é o primeiro dia em que retorno lá desde o episódio da enchente que provoquei. Olhei, olhei e pelo visto não causei nenhum dano ao local.

Hoje nossa passagem de roupa foi mais agradável porque na sala ao lado estava acontecendo uma aula-ensaio de chorinho para franceses. Poxa, eles tocam bem. Foi muito legal.

Primeiro domingo - museus de graça!!!!!

Primeiro domingo do mês!!!

Isso significa que muitos museus hoje são de graça!!!!!

Fomos ao Museu de Arte Moderna no quarto e no quinto andares do Centro Georges Pompidou. De quebra ainda vimos uma vista linda de Paris. Hoje o tempo frio e feio foi embora e deu lugar a um dia quente com algumas nuvens que nos permitiram ver TODA a cidade: Montmartre, Opera, Igreja de Saint Eustache, o prédio da Bolsa, La Defense, Arco do Triunfo, Grand Palais, Louvre, a roda gigante nas Tulherias, Torre Eiffel, Montparnasse, torre Saint Jacques, Notre Dame, Hôtel de Ville e Pantheon.

O museu é dividido em 2 andares bem diferentes: O segundo é da arte moderna e o primeiro da arte contemporânea.

Gostamos muito do segundo; lá vimos Giacometti, Picasso (os dois, nesta ordem, na foto com a Tati acima), Braque, Matisse, Dalí, Miró, Kandinsky e outros. A surpresa agradável foi descobrir o pintor Kupka - muito bonitos os seus quadros (como o da foto comigo, acima).

O primeiro andar é o seguinte: Tem muita porcaria e alguma coisa interessante.
Exemplo de porcaria: Um rinoceronte vermelho em tamanho real , três telas totalmente brancas e colchões de ar de piscina.

Coisas interessantes: Uma "caverna" criada por Jean Dubuffet, um filme com marionetes surrealista e a parte de design moderno.

Saímos às 4 da tarde, comemos um hot-dog e encaramos ainda 1h e meia de Louvre!!! Sim, fomos lá fotografar a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrassa, a Mona Lisa e ver alguma coisa do Renascimento italiano. E foi exatamente isso o que fizemos. Descobrimos que era proibido fotografar qualquer coisa do Renascimento italiano (incluindo a Mona Lisa). Começamos, desapontados, respeitando...mas várias pessoas, na cara dos seguranças, fotografavam e filmavam tudo. Aí fomos à forra. As fotos do Louvre ficam pra outro dia serem publicadas.

Fomos expulsos às 18:00 hs e nem deu pra ver tudo do Renascimento italiano. Aquele museu é um mundo!!!

À noite falamos e utilizamos a Webcam no Skype com Guilherme Reis, meus pais, meu avô, a mãe da Tati e uma amiga sua xará, outra Márcia. Foi ótimo matar as saudades de todos eles!!!

fotos: pedroetatiemparis.blogspot.com.br