terça-feira, 27 de novembro de 2007

Psicanálise X TCC


Tati foi comigo hoje à Paris VII assistir ao seminário conjunto de Christian Hoffmann e Fethi Benslama. Hoffmann não foi, só Benslama. Foi interessante. O assunto em discussão foi o do momento: Psicanálise X TCC (terapia cognitivo-comportamental). Aqui na França, diferente do Brasil, a psicanálise encontra-se acuada, perdendo campo pra TCC, hoje mais forte.

No fim da tarde, fomos juntos de outros amigos assistir ao seminário de Elisabeth Roudinesco. Ela é mesmo sensacional, excelente. Um dos melhores momentos acadêmicos que passei aqui na França. E além disso é gentil, amável e sem nariz empenado, apesar de ser um dos maiores intelectuais da França.
Roudinesco também atacou a TCC. Praticamente todo seminário a gente escuta este ataque, eles estão apavorados.

De noite, nos encontramos com Patrizia pois hoje é seu aniversário. Fomos juntos a um café em Saint Germain de Près, "Le relais de l'Odeon". Foi ótimo, conversamos um pouco, bebemos um bom vinho e tiramos fotos como a segunda.
A primeira foto é de um sujeito que põe o seu piano na rua, toca e as pessoas jogam esmola, ele está sempre em frente à igreja de Saint Germain de Près, mesmo de noite e no frio - ele toca de luvas.
fotos: pedroetatiemparis.gigafoto.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou psicólogo, graduado em 2001. Na universidade, tive que estudar para a apresentação de trabalhos acadêmicos dos quais hoje me envergonharia (torço para que estejam todos no lixo, ou, melhor, tenham se tornado papel reciclado). Sustentei os discursos de Lacan, Foucault, Deleuze, Guatarri, entre outros autores, sem que soubesse serem fruto da decadência intelectual de uma França racionalmente abalada no período pós-guerra. Sartre, ídolo intelectual de uma geração, defendeu abertamente a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung! Prefiro acreditar que opinou sem conhecê-la a fundo, o que o tornaria apenas irresponsavelmente patético, e não cúmplice de um genocídio...
Mudando de assunto, considero a Terapia Cognitiva um modelo de tratamento nitidamente mais eficaz do que aqueles inspirados pelos postulados psicanalíticos. Com admiração, constatei que a aparente simplicidade do modelo cognitivo abrange um aprofundamento infinitamente maior em termos de resultados e resolução de problemas e sintomas, o que a difere da quase inexpugnável conceituação lacaniana. Os adeptos do pensador francês alegam: “há apenas um deslocamento do sintoma”. Porém, o que se vê na prática é que os pacientes, após o tratamento, não costumam voltar aos consultórios. A melhora no contexto de seu bem-estar e qualidade de vida se mantém, a despeito das críticas quanto à superficialidade da intervenção terapêutica cognitiva.
Desejo profundamente que os cursos de psicologia Brasil afora tenham se modernizado e estejam mais abertos a modelos de tratamento comprovadamente eficazes (eficácia, aqui, compreendida como rapidez, economia e manutenção de resultados).
Não há sustentação prática que garanta lugar a discursos academicamente vaidosos, restritos a uma gama de “iniciados”, quando o que está em jogo é o bem-estar de pessoas como eu e você, que, vez ou outra, enfrentamos sofrimentos gerados por problemas vivenciais patológicos.

Leiam no link este texto de José Guilherme Merquior: http://www.scribd.com/doc/2667243/A-supersticao-psicanalitica